A TVI deu a conhecer três casos de jovens que ficaram electrocutados junto à discoteca Lux, após terem subido para vagões e entrado em contacto com as linhas de alta tensão. No ar ficou a pergunta "quem se responsabiliza?". Aviso que a minha opinião pode estar ligeiramente influenciada pelo facto de ser um tipo um bocado esquisito, que não tem por hábito invadir linhas de comboio ou subir para carruagens. Enfim, sou um sujeito que não se sabe divertir. Contudo, em última análise, se um dia me apetecer galhofa valente e decidir subir para uma carruagem, e no processo sofrer um choque, não será muito difícil concluir que a culpa é minha. Mas, ao que parece, não é essa a opinião da TVI. Pelos vistos a Refer é responsável por não ter construído uma rede que impedisse as pessoas de subirem para as carruagens e andarem a pendurar-se nos cabos. Um dos casos revelados pela reportagem foi o de uma criança de 12 anos que, segundo revelou a própria, cansada de esperar pelo autocarro decidiu ir para as carruagens. Neste caso faltou, na minha opinião, a TVI escutar a Carris. Não fossem os autocarros andarem sempre atrasados e os miúdos não precisavam de ir para junto de cabos de alta tensão. Outro dos envolvidos, já com idade para ter juízo, revelou que "bebeu um bocadinho" mas nada que o deixasse inconsciente para a gravidade dos actos a praticar. Afirmou ainda que "se existisse uma rede não tinha subido". É um ponto de vista. O outro é o de que se existisse uma rede perdia-se a oportunidade de um valente regabofe madrugada dentro em cima de vagões perigosamente perto de cabos de alta tensão. Esta coisa da responsabilidade é muito bonita. Porque quase nunca envolve os próprios. Recordo que foi à conta de uns quantos "inocentes" que decidiram fazer uma corrida contra o comboio ali em Santos, com o resultado a ser favorável à carruagem, que agora o acesso está fechado e eu se for jantar à Portugália tenho de ir a Alcântara dar a volta para chegar de novo ao Cais Sodré. Um dia destes espeto-me contra uma parede e processo alguém por não estar ali um aviso a indicar que um choque contra uma parede faz dói-dói.