De regresso ao Maracanã *
"(...) Acontece que nós, em Fiorito, lá no bairro, desafiávamos muito mais que isso. Desafiávamos o sol. A minha velhota, a Tota, que cuidava de mim e me mimava o tempo todo, dizia-me: «Pelu, se vais jogar....só depois das cinco, depois do sol se pôr». E eu respondia-lhe: «sim, mamã, sim mamã, fica descansada». E saía às duas de casa com o meu amigo, Negro, o meu primo Beto ou com quem fosse, e, às duas e um quarto, já estávamos a jogar. Sempre a dar-lhe, sob os raios do sol!, e não nos importava nada e dávamos tudo por tudo....Por volta das sete, parávamos um bocadinho, pedíamos água nalguma casa e continuávamos. Jogávamos na escuridão, era igual. E agora oiço dizer, por aí, que em tal campo falta luz. Mas eu jogava às escuras, filhos da puta!"
"Eu sou El Diego", Oficina do Livro (2001).
* Campo ali entre o Castelo e Alfama, já uma vez recordado neste blogue.
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