E a chuva cai lá fora
O que é uma chatice para os desfiles de carnaval. Isto depois de ontem terem-se multiplicado as reportagens onde se enaltecia a tradição bem portuguesa (embora em fundo escutasse sempre o «poêra, levantou poêra») dos desfiles. O carnaval «bem nosso» (talvez por ter mulheres de bikini em Fevereiro) tem a sátira social bem presente. Uma espécie de revista à portuguesa ambulante, mas numa versão com a Floribella. Ela que, assim como Carlos Malato, realçou a beleza do carnaval português. Eu fazia o mesmo se me pagassem dois mil contos para andar ali a acenar à multidão, embora considere que ter como companhia um boneco gigante do primeiro-ministro a puxar o cinto ao Zé Povinho seja coisinha que não deve fazer bem à carreira de ninguém. Mas isto sou eu que não percebo nada destas coisas do mundo artístico. Gostei também do pormenor de um canal de televisão ter realçado o sucesso do carnaval com umas entrevistas a uns turistas que asseguravam achar aquilo tudo fantástico. Neste ponto valorizo a sua opinião até porque os entrevistados eram de países onde a tradição de folia é enorme e portanto são bons juízes para avaliar a qualidade do espectáculo. Lembro-me que um casal era da Suécia, terra onde o regabofe de mulheres de bikini na rua e gigantones a gozar com o primeiro-ministro é uma tradição já muito enraizada, e o outro casal era da Ucrania, onde, caros leitores, nem é preciso palavras. Todos sabemos que por aquelas bandas a música brasileira é raínha. Aliás é vê-los por cá nos corredores do Lidl a entoarem o Milla do Netinho. Mas não há chuva que demova o carnaval nacional, por isso, mais logo, espero ligar a televisão e ver outra vez os homens vestidos de mulheres - mas é na reinação, atenção, que eu cá não sou nenhum panilas - e as jovens raparigas de bikini a baterem com os pés no chão e a fazer um ar muito entendido de como quem diz «olha para mim a sambar». Unidos da Tijuca roam-se de inveja!
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