18.12.06

E depois existem estes posts que merecem repetidas vénias

“Conheceram-se na Net”. Sítio como outro qualquer para travar conhecimentos, dizem. Não é verdade no mercado das frustrações. Se a quebra do salto ou as compras da semana ou o pequeno-almoço apressado ao balcão no quotidiano dito útil cruzar alguém com outrem, quem sabe, aquele há muito e intimamente esperado, foi (des)acerto do acaso, ajuste de contas do destino - conceito vago a que fica remetido o acidental. Muito diferente de quem, estático, não fora o movimento dos dedos no teclado, espera ser encontrado. Bastas vezes casado. Desespera do quotidiano que entende pobre, e teima. Do lado de lá, aguarda-o alguém semelhante ou não estaria ali. Vezes sem fim até ficar adicto. Como o queixoso do anúncio das botijas Pluma – “veio o Mário, o Serginho, o Celsão!”, mas a tal, a sebastianística figura, a das pernas longas, boa como milho maduro, pura adrenalina sexual, cocaína emotiva, viste-a!
Quem assim espera, sentado, incluindo os entertainers do tédio, espera licitação. Julga ludibriar as barreiras pessoais que aos seus olhos o diminuem. Insegurança, descrença, voyeurismo sem binóculos e vizinha da frente. Magoados por sina ou convicção. Que escondem. Do espelho odiando o simétrico que exibe.
Anonimato. Mistério. Liberdade. Exposição do que importa – o espírito. Semi-verdades, logo, mentiras. O que remanesce das horas tecladas e das fotografias retocadas são inquietações comuns - quem sou? Que representação têm os outros de mim? Sou aceite? O meu corpo é obstáculo à concretização dos meus sonhos? Nada de novo nas histórias individuais. O que distingue estes mercadores de sonhos da pessoa comum é o medo. Pior – o terror de se fazerem à vida sem armadura de aço ou manto mágico que lhes oculte fraquezas. A isto há quem chame cobardia.

No Sem Pénis, Nem Inveja.

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